segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O dólar de sangue - capítulo 4


- Quer merda você está fazendo aqui chefe??? - Exclama quase gritando Jorge, ainda apontando a arma para o inspetor.
- O que parece que estou fazendo??? 

Jorge caminha para trás sem abaixar a arma, tentando entender tudo que estava acontecendo. De repente ele escuta o barulho de uma porta se abrindo com violência e passos rápidos, surge correndo no corredor o funcionário do necrotério que o atendeu, escorregadamente ele para e olha de longe o inspetor caído no chão e Jorge ainda apontando a arma, e exclama:

- O merda, era só o que faltava. - E começa a correr no rumo da porta de saída, exatamente onde o corredor terminava.

Jorge, que já estava sem paciência e fôlego para correr atrás dele, abre lentamente a roleta da arma que estava segurando e atira exatamente na panturrilha do funcionário do necrotério, que cai gritando enquanto sua perna sangrava. 

No único momento em que Jorge abaixou a arma para o inspetor foi o suficiente para ele sacar uma arma escondida atrás de sua cinta e apontar para o detetive e exclamar:

- Aprendi com você onde esconder uma arma.
-  Pare que enrolar e me diga por que diabos você matou a principal peça do meu caso - Diz Jorge em tom ameaçador.
- Você quer dizer do caso em que o detetive responsável pela investigação é o principal suspeito do crime??

Jorge fica branco como um copo de leite e começa a se perguntar como que o inspetor sabia que o dólar australiano que estava ao lado do corpo de Brenna provavelmente pertencia a ele, suspeita que talvez os McCann talvez tivessem descobrido e entrado em contato com o inspetor, mas descarta a ideia, por que provavelmente se os irlandeses soubessem, Jorge não teria saído vivo daquele bairro.

Sem perceber, Jorge novamente abaixa sua arma enquanto pensava. Nesse momento o inspetor, ainda com a arma apontada para Jorge, diz:

- E agora, você acabou de matar o inspetor de polícia - E se mata com um tiro na boca.


***

O som do tiro ecoa em todo necrotério, Jorge fica perplexo, aproxima-se lentamente do corpo, tira uma luva plástica do bolso e coloca em sua mão esquerda, mantendo a arma na direita. A arma que o inspetor utilizou foi um calibre 38, idêntico a arma que Jorge possuía, lentamente ele tira a arma da mão do antigo chefe e abre a roleta,  verificando que haviam agora 2 balas apenas, algo que o intriga. De repente ele se lembra que ele havia atirado na perna do atendente do necrotério, deixa o corpo do inspetor do lado e vai correndo atrás do homem baleado, que estava deitado no final do corredor, Jorge se aproxima e diz:

- Vou te dar uma chance de me explicar que diabos está acontecendo aqui.

O funcionário do necrotério estava nervoso, quase se mijando de tanto medo que estava e diz gaguejando:

- Na..na..nada detetive, só ouvi um barulho e decidi ver o que estava acontecendo.

Jorge pisa na panturrilha que sangrava do funcionário e diz:

- Mais uma chance.
- O inspetor chegou correndo, passou e por mim e entrou, ai ouvi o barulho do tiro, fiquei com medo e liguei pra polícia. - Disse quase gritando de dor o atendente.
- O inspetor já havia vindo aqui antes???
- Ele veio a umas três noites conversar com o médico legista.

Jorge começa a relacionar os fatos, três noites atrás foi exatamente quando Brenna foi assassinada, foi a noite em que Jorge não se lembrava de nada e acordou num quarto de hotel, onde milagrosamente o inspetor ligou pela manhã para coloca-lo na investigação. A arma que o detetive utilizou para suicidar-se foi exatamente uma calibre 38 de cinco balas, a mesma que Jorge possuía, e estava agora com duas balas a apenas, ou seja, uma teria sido usada para matar Brenna, outra para matar o médico e a terceira ele usou para se suicidar. 
Jorge soca a parede com uma força descomunal e exclama:

- Filho de mãe.

Nesse momento Jorge escuta duas viaturas chegando no local, ele decide sair pela porta lateral  estava próximo, antes de sair ele dá uma coronhada violenta na cabeça do atendente, que fica desmaiado.
Os policiais rapidamente tomam o necrotério e fecham as ruas próximas, várias viaturas chegam ao local e vários jornalista já se encontravam presentes.

***

Jorge sai pelo rua de e decide pegar o ônibus que para perto de seu apartamento, no caminho começa a pensar em como iria provar o envolvimento do inspetor no caso e se ele ainda era o suspeito. A única peça que não fazia sentido nessa história toda era o dólar australiano ao lado do corpo do Brenna.
Ele desce do ônibus e sobe para seu apartamento, ao entrar, joga o seu soco inglês no armário, que acidentalmente acerta o rádio, Jorge nem se lembrava que ele ainda tinha essa peça, que provavelmente já devia ter uns 10 anos e nem funcionava mais. 
Pera a surpresa de Jorge ao mexer nele o rádio liga na notícias local, o radialista estava fazendo um comunicado:

"....o médico legista e o inspetor chefe de polícia da cidade foram encontrados mortos 
no necrotério da cidade , outro funcionário também foi baleado mas encontra-se 
fora de perigo. O atirador foi reconhecido como detetive de polícia Jorge......"

Jorge desliga o rádio e exclama:

- Ohh merda.


Nenhum comentário:

Postar um comentário