sábado, 5 de outubro de 2013

O dólar de sangue - Capítulo 1.

Jorge acordou com o barulho do escapamento de lambreta que passou pela rua. Ao seu lado, no criado mudo, duas garrafas de Vodka viradas. A cama de motel barato lembrava o colégio interno onde ele estudou dos cinco aos treze anos, o barulho que ela faz quando ele se movimenta é exatamente o mesmo.
Lentamente abrindo os olhos, faz um força descomunal para levantar, percebi que a dor de cabeça que está sentindo apenas indica que bebeu muito na noite passada. Levanta da cama, tira o revolver calibre 38 que está embaixo dela, percebe que está apenas com quatro balas. Dá uma analisada no quarto, e percebe que o banheiro está meio revirado, mas provavelmente fruto da sua bebedeira.
Enquanto tenta se lembrar da noite passada, o telefone toca, é o inspetor de polícia:

 - Jorge?? Onde diabos está você?
 - Eu também queria saber chefe, parece aquele motel da 5ª avenida próximo a estação da rua Lisboa. - Disse Jorge.
- Me encontra na Taverna da Rua 87 em vinte minutos, preciso de você numa investigação. - Disse o inspetor.
- Certo, daqui uma hora estou ai. - Disse Jorge desligando o telefone.

Enquanto Jorge tomava duas aspirinas com água da torneira, ele arrumava seu bigode e franzia seu topete, colocava seu habitual colete por cima da camisa social amassada e com gotas de catchup. Enquanto guardava sua carteira no bolso junto com seu distintivo, percebe que perdeu seu dólar australiano que tinha ganhado do seu padrasto, junto 200 dólares. Esconde sua arma na parte de trás do cinto e deixa o quarto bagunçado.

Quando desce as escada, decide perguntar pro balconista do bar se ele lembra de como ele chegou na noite passada. O baconista sorri, prestes a gargalhar e diz:

- O senhor chegou com as pernas tortas, cantando umas músicas e bebendo um Whisky, e logo em seguida desceu e me deu 200 dólares de gorjeta.

Jorge ri, e diz pro rapaz:

- Não se acostume.

Jorge entra no metrô, o sol escaldante juntando-se com o barulhos dos trilham formam uma sinfonia que piora a sua ressaca. Percebe atentamente um jovem loira que está sentada a sua frente, lendo o jornal. Jorge tenta ler a notícia da capa, mas percebe que chamou a atenção da jovem, e disfarça.
Desce na segunda estação e vai caminhando até a taverna. De longe vê a cara gorda e irritada do inspetor. Que olha atentamente para Jorge e diz:

- O senhor está quarenta minutos atrasados.
- E o senhor está quarenta minutos adiantado - Diz Jorge dando um sorriso irônico.

Jorge acende um cigarro enquanto o Inspetor o acompanha para dentro, pede dois cafés puros pro garçom. E logo diz nervoso limpando a nuca suada:

- A corregedoria está no rabo por conta da bagunça que você me arrumou semana passada quando espancou aqueles irlandeses no porto.
- Foi legítima defesa chefe, eles tentaram me jogar no fundo do rio -  Disse Jorge mantendo o tom irônico.
- Vou ter que colocar você pra trabalhar, porque com essas bebedeiras e confusões, logo logo o comissário vai pedir sua cabeça.

O Inspetor abre uma pasta vermelha com uma pilha de papéis amaçados e joga no colo de Jorge, dizendo:

- Dá um jeito nessa bagunça, o prefeito quer a cidade limpa desses vagabundos até a eleição

Jorge olha com seu olhar irônico característico diz de modo sarcástico enquanto fuma o seu cigarro:

- Limpar?
- Sim, foi o que falei, será que além de bêbado você tá ficando surdo? - Responde o inspetor.
- Tenho cartão verde pra limpar do meu jeito???
-Coloca tudo na conta do prefeito.

Jorge toma em gole o resto do café e sai pela porta, deixando o inspetor coçando a cabeça.
Quando entra no metrô, se lembra que tem que ir buscar sua moto na oficina. Enquanto espera o outro metrô começa a abrir o arquivo que o Inspetor lhe deu, e vai logo pra ultima foto, uma mulher loira, de aproximadamente 35 anos, morta com um buraco de tiro na testa, na descrição da imagem diz que foi um tiro a queima roupa de uma calibre 38. Bem no canto da foto, próxima da mão direita da vítima uma moeda.
Jorge corre numa loja de relógios que viu perto da estação, mostra o distintivo de detetive e pede uma lupa.
Um senhor de aproximadamente 80 anos fica assustado e joga a lupa na direção de Jorge, que pega com a mão direita e já analisa a imagem.

Percebe que a moeda é um Dólar Australiano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário