domingo, 13 de outubro de 2013

O dólar de sangue - Capítulo 2


O gosto forte do Jack Daniels agora começa a entrar em sua garganta e provocar uma leve careta enquanto Jorge se debate sem saber por onde começar a investigar um caso onde ele é o principal suspeito.
O cheiro de bacon frito da taverna, misturado com rock pesado e o barulho de bolas de sinuca se chocando, deixavam Jorge irritado, decidiu pela primeira vez em 15 anos ir pra casa dormir cedo.
Seu apartamento casa ficava próxima a uma estação do metrô, o forte som do atrito entre os trens e os trilhos balançavam o antigo prédio e faziam um som infernal, por isso que Jorge raramente ficava em casa.
Levemente tira seu revolver calibre 38 da cintura e o coloca junto com suas outras armas, todas herdadas de seu padrasto, que foi um dos maiores detetives do país, desvendou cerca de duzentos casos em trinta anos de atividade e foi a inspiração para Jorge ingressar na carreira. Com seu padrasto aprendeu desde cedo a atirar e se defender e foi dele que recebeu seu distintivo de policial.
No meio da noite Jorge desperta com um grito de mulher seguindo por um tiro, olha para os lados e cai no chão rolando, já pegando sua calibre 12 que esconde embaixo de sua cama. Espera vinte segundos e percebe que não houve grito ou tiro algum, apenas a mente conturbada um policial com um leve sentimento de culpa.
Olha para o relógio, marcavam 3:47 da madrugada. Ele pega o arquivo policial e começa a investigar sobre a mulher assassinada, a data era 12 outubro 1934, ou seja noite passada, Brenna Theodor o nome dela, possivelmente irlandês, junto tinha outras fotos, cabelo levemente ruivo, altura 1 metro e 71,  era balconista de uma taverna no bairro irlandês, Jorge coloca a mão na testa e exclama:

- Ohhh não, bairro irlandês de novo não.

Havia acabado de se recuperar dos hematomas que sofreu na ultima vez em que esteve lá, foi perseguindo dois suspeitos de uma série de assaltos , os irmãos Quinn, que realizaram cerca 150 roubos em diversas cidades próximas, até que Jorge os encontrou no bairro irlandês enquanto investigava uma pequena gangue da cidade, que por incrível que pareça tinha relação com os irmãos, e Jorge nesse situação finalizou dois casos ao mesmo tempo. Por isso era odiado no bairro irlandês, sua fama repentina como detetive ganhou a cidade, porém, Jorge fazia tudo para acabar com ela, na semana seguinte esmurrou um repórter que havia insinuado que ele tinha envolvimento com gangues radicais inglesas, acabou sendo processado pelo Sindicato de Repórteres e ganhando uma suspensão de dois dias.

O dia rapidamente amanhece, Jorge começa a se preparar para ir ao bairro irlandês, dessa vez um pouco melhor, além de colocar seu habitual revolver calibre 38 na parte de trás da calça, leve um soco inglês no bolso direito e o distintivo preso a cinta.
Entra no metrô e desce e enquanto lê o habitual Jornal da cidade, percebe que a mesma mulher loira que estava sentada ontem a sua frente, está hoje de novo, ele dá um leve sorriso e volta a ler seu jornal. Desce na Estação Dublin e vai caminhando pela rua principal do bairro, que se parecem uma cópia exata das cidades irlandesas, o bairro foi construído por imigrantes irlandeses que vieram para sanar a falta de mão de obra causada pela abolição da escravatura.
Ao passar pela primeira rua, percebe que dois homens altos e gordos estão o seguindo. Jorge aumenta o passo, após passar duas quadras, dá uma longa olhada para trás e percebe que os dois homens sumiram, dá uma risada e nesse momento não percebe um soco cruzado vindo em direção de seu rosto. O soco foi tão forte que Jorge caiu rodopiando não chão, dá uma olhada pra cima e vê um dos brutamontes que o estava seguindo, e diz:

- Não te reconheci sem sua namorada.

O grandalhão diz:

- Um presente de boas vinda de Malcom McCann.

A claro, Malcom MacCan era o tio dos irmãos Quinn e controlava todo bairro irlandês, era filho de pai escravo e mãe irlandesa, ex-boxeador aposentado, chegou a ganhar o cinturão estadual dos pesos pesados, era conhecido pela brutalidade e por ser dono de uma rede de açougues e da taverna do bairro, justamente onde Jorge tinha que ir. O grandalhão que o socou devia ser James McCann, irmão mais novo e guarda costas de Malcom, tinha aproximadamente dois metros de altura e pesava em torno de 130 quilos,  também foi um boxeador, porém, nunca ganhou uma luta na carreira.
Jorge ainda não contente com o soco que levou, provocou o brutamontes:

- Sabe, se você socasse com essa força nos ringues, provavelmente não seria a cadela do Malcom.

James tira seu colete e arregaça as mangas de sua camisa verdade acompanhada do suspensórios verde claro, e vai em direção de Jorge, ainda no chão, e diz:

- Pra um homem pequeno, você tem uma boca bem grande.

Enquanto se aproximava de Jorge, a rua parava para a ver a confusão. Quando se preparou para dar outro soco, Jorge inteligentemente chutou sua perna de apoio, passando uma rasteira no grandalhão, que caiu de costas. Jorge colocou lentamente o soco inglês e acertou um cruzado na mandíbula de James, que cuspiu um pouco de sangue, dois dentes e caiu desacordado. Jorge limpou a mão e colocou o soco um inglês de volta no bolso e exclamou para um garoto que assistiu a cena de perto:

- Nada vence o clássico.

Jorge continuou caminhando até a taverna do bairro, chamada Dublin Pub, no momento em que ele entra, a musica que tocava ao fundo para e todos olham para ele, que entra lentamente no bar e pede uma cerveja Guinness. Nesse momento Jorge escuta passos pesados atrás dele e uma voz grossa dizendo:

- É muita coragem sua vir até aqui.

A voz era de Malcom McCann, que estava parado atrás dele junto com mais dois homens, que eram tão grandes quando ele. Jorge diz:

- Falam que a cerveja escura daqui é a melhor da cidade, quis conferir. - Jorge coloca o discretamente o soco inglês.

Os dois capangas de Malcom tiram de dentro do sobretudo, submetralhadoras Thompson 1928, Jorge exclama;

- Não quero confusão, apenas conversar, sente-se, eu lhe pago um Whisky.
- A claro, você prende meus sobrinhos, espanca meus capangas e meu irmão, acaba com meu negócio de tráfico de armas e não quer confusão, apenas me pagar um Whisky no meu próprio bar. - responde Malcom.
- Isso mesmo, para um cara grande, você não é tão burro.

Malcom pega uma metralhadora de seus capangas e coloca na cabeça de Jorge, e diz:

- Cuidado com o que fala vadia, você está no meu bar, no meu bairro e sentado na minha cadeira.

Jorge dá uma longa golada na sua cerveja, com a mão esquerda tira rapidamente a arma de sua cabeça, dando uma chave de braço em Malcom, jogando sua cara contra o balcão e com a esquerda saca o revolver 38 de sua cintura e aponta pros capangas. Malcom tenta sair, porém, grita de dor e exclama:

- Metralhem esse desgraçado.
- Vamos me metralhem junto com o chefe de vocês -  responde Jorge. -  Eu apenas quero conversar.

Jorge joga Malcom no chão, volta a beber sua cerveja e acende um charuto. Malcom se senta ao lado dele, e diz:

- Sobre o que quer conversar?

Jorge joga uma foto de Brenna Theodor no colo dele, e pergunta?

- Conhece?

Malcom, diz com cara que espanto e raiva.

- O que diabos você está fazendo com a foto da minha afilhada?


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