segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O dólar de sangue - capítulo 4


- Quer merda você está fazendo aqui chefe??? - Exclama quase gritando Jorge, ainda apontando a arma para o inspetor.
- O que parece que estou fazendo??? 

Jorge caminha para trás sem abaixar a arma, tentando entender tudo que estava acontecendo. De repente ele escuta o barulho de uma porta se abrindo com violência e passos rápidos, surge correndo no corredor o funcionário do necrotério que o atendeu, escorregadamente ele para e olha de longe o inspetor caído no chão e Jorge ainda apontando a arma, e exclama:

- O merda, era só o que faltava. - E começa a correr no rumo da porta de saída, exatamente onde o corredor terminava.

Jorge, que já estava sem paciência e fôlego para correr atrás dele, abre lentamente a roleta da arma que estava segurando e atira exatamente na panturrilha do funcionário do necrotério, que cai gritando enquanto sua perna sangrava. 

No único momento em que Jorge abaixou a arma para o inspetor foi o suficiente para ele sacar uma arma escondida atrás de sua cinta e apontar para o detetive e exclamar:

- Aprendi com você onde esconder uma arma.
-  Pare que enrolar e me diga por que diabos você matou a principal peça do meu caso - Diz Jorge em tom ameaçador.
- Você quer dizer do caso em que o detetive responsável pela investigação é o principal suspeito do crime??

Jorge fica branco como um copo de leite e começa a se perguntar como que o inspetor sabia que o dólar australiano que estava ao lado do corpo de Brenna provavelmente pertencia a ele, suspeita que talvez os McCann talvez tivessem descobrido e entrado em contato com o inspetor, mas descarta a ideia, por que provavelmente se os irlandeses soubessem, Jorge não teria saído vivo daquele bairro.

Sem perceber, Jorge novamente abaixa sua arma enquanto pensava. Nesse momento o inspetor, ainda com a arma apontada para Jorge, diz:

- E agora, você acabou de matar o inspetor de polícia - E se mata com um tiro na boca.


***

O som do tiro ecoa em todo necrotério, Jorge fica perplexo, aproxima-se lentamente do corpo, tira uma luva plástica do bolso e coloca em sua mão esquerda, mantendo a arma na direita. A arma que o inspetor utilizou foi um calibre 38, idêntico a arma que Jorge possuía, lentamente ele tira a arma da mão do antigo chefe e abre a roleta,  verificando que haviam agora 2 balas apenas, algo que o intriga. De repente ele se lembra que ele havia atirado na perna do atendente do necrotério, deixa o corpo do inspetor do lado e vai correndo atrás do homem baleado, que estava deitado no final do corredor, Jorge se aproxima e diz:

- Vou te dar uma chance de me explicar que diabos está acontecendo aqui.

O funcionário do necrotério estava nervoso, quase se mijando de tanto medo que estava e diz gaguejando:

- Na..na..nada detetive, só ouvi um barulho e decidi ver o que estava acontecendo.

Jorge pisa na panturrilha que sangrava do funcionário e diz:

- Mais uma chance.
- O inspetor chegou correndo, passou e por mim e entrou, ai ouvi o barulho do tiro, fiquei com medo e liguei pra polícia. - Disse quase gritando de dor o atendente.
- O inspetor já havia vindo aqui antes???
- Ele veio a umas três noites conversar com o médico legista.

Jorge começa a relacionar os fatos, três noites atrás foi exatamente quando Brenna foi assassinada, foi a noite em que Jorge não se lembrava de nada e acordou num quarto de hotel, onde milagrosamente o inspetor ligou pela manhã para coloca-lo na investigação. A arma que o detetive utilizou para suicidar-se foi exatamente uma calibre 38 de cinco balas, a mesma que Jorge possuía, e estava agora com duas balas a apenas, ou seja, uma teria sido usada para matar Brenna, outra para matar o médico e a terceira ele usou para se suicidar. 
Jorge soca a parede com uma força descomunal e exclama:

- Filho de mãe.

Nesse momento Jorge escuta duas viaturas chegando no local, ele decide sair pela porta lateral  estava próximo, antes de sair ele dá uma coronhada violenta na cabeça do atendente, que fica desmaiado.
Os policiais rapidamente tomam o necrotério e fecham as ruas próximas, várias viaturas chegam ao local e vários jornalista já se encontravam presentes.

***

Jorge sai pelo rua de e decide pegar o ônibus que para perto de seu apartamento, no caminho começa a pensar em como iria provar o envolvimento do inspetor no caso e se ele ainda era o suspeito. A única peça que não fazia sentido nessa história toda era o dólar australiano ao lado do corpo do Brenna.
Ele desce do ônibus e sobe para seu apartamento, ao entrar, joga o seu soco inglês no armário, que acidentalmente acerta o rádio, Jorge nem se lembrava que ele ainda tinha essa peça, que provavelmente já devia ter uns 10 anos e nem funcionava mais. 
Pera a surpresa de Jorge ao mexer nele o rádio liga na notícias local, o radialista estava fazendo um comunicado:

"....o médico legista e o inspetor chefe de polícia da cidade foram encontrados mortos 
no necrotério da cidade , outro funcionário também foi baleado mas encontra-se 
fora de perigo. O atirador foi reconhecido como detetive de polícia Jorge......"

Jorge desliga o rádio e exclama:

- Ohh merda.


domingo, 20 de outubro de 2013

O dólar de sangue - capítulo 3


Jorge luta para digerir as palavras de Malcom e se debate por não ter pensado antes que provavelmente Brenna seria parente dos McCann, apenas pessoas próximas a eles trabalham no bar e nos açougues.
Por cerca de dois minutos, Jorge ficou imóvel, conseguia ver a cara de nervoso de Malcom gritando e batendo na mesa, porém, não ouvia nada. De repente apenas vê o grandalhão levantar e se preparar para socá-lo na cara, por mais que pudesse reagir e se defender, Jorge parece estar em outra dimensão, o soco  acertou bem no nariz, a força e velocidade arremessaram Jorge para trás, fazendo com que ele voltasse a si. Sente o sangue saindo do nariz, encharcando seu bigode, contornando sua boca e pingando em sua gravata. Jorge limpa seu nariz na manga de seu terno e diz para Malcom:

 - Bela direita.

Enquanto levantava seu joelho, para ficar de pé, o capanga de Malcom rapidamente tenta socá-lo de novo, Jorge chuta a perna do brutamontes, que cai na direção de Jorge que acerta uma cotovelada rápida no grandalhão que cai desacordado. Malcom exclama irritado:

- Desgraçado -E projeta mais um rápido gancho, acertando Jorge no queixo, que cai desmaiado.

Jorge se lembra de seu padrasto usando o habitual kimono preto e falando: "Nunca menospreze a velocidade de um homem grande", algo que dolorosamente acabara de se lembrar.

Jorge desperta com um banho de água fria, arremessado de um balde por um capanga de Malcom. Além de sentir seu nariz sangrando, agora seu lábio está inchado como uma bola de beisebol  e percebe que está com as mãos amarradas e pendurado. O grandalhão se vira para Malcom e diz:

- A bela adormecida finalmente acordou.
-  Vejo que seu supercílio gostou do meu cotovelo - retruca Jorge.
- Cala essa boca, quero ver tentar fazer alguma coisa agora - Exclama o capanga.
- Os dois calem a boca - Diz Malcom irritado - Vou perguntar mais uma vez detetive, o que fazia com a foto da minha afilhada?
-  Ahh você sabe Malcom, sempre gostei de uma ruivinha.

Malcom soca a barriga de Jorge com uma força descomunal, que o faz cuspir sangue.

- A quanto tempo você não a vê Malcom?
- Desde a noite passada, ela trabalhou na taverna até as três da manhã e depois foi pra sua casa. Por que perguntas?
- Tire a ultima foto do bolso de dentro do meu terno - Diz Jorge
- Minha santa bárbara - Exclama o brutamontes. - De quando é essa foto?
- Ontem a noite, estou investigando o caso dela e outros casos parecidos, vim buscar informações pois soube que ela trabalhava aqui.  - Diz Jorge - Pode me soltar agora?
- Tudo que sei é que ela trabalhou até ontem comigo e foi para casa.
- Me leve a casa dela mas antes faça o favor de mandar esse idiota me soltar. - Exclama Jorge.

Malcom manda seu capanga desamarrar Jorge, assim que sua mãos são liberadas Jorge abotoa sua camisa e coloca lentamente seu terno.
O apartamento de Brenna ficava num prédio antigo, próximo a taverna, Malcom tinha uma cópia da chave. O lugar era grande e bem organizado, a cama estava bagunçada, algo que apenas Jorge percebeu e que o deixou intrigado, porém, não comentou nada.
Malcom dá algumas voltas no apartamento e para na sacada exclamando:

- Ela morou comigo até os dezenove anos, foi quando começou a trabalhar na taverna. Ofereci a gerência de um dos meus açougues, mas ela não quis envolvimento com meus negócios. A criei como uma filha depois que os pais dela voltaram para Irlanda.

Jorge olha uma das fotos dela que estava em quadros, era incrivelmente diferente das fotos dadas pelo inspetor, o rosto era o mesmo, porém, tinham algo de diferente. Jorge percebeu através dessas fotos que o rosto de Brenna era familiar, ele já a tinha a visto em algum lugar, mas não se lembrava onde.
Malcom e seus capangas saem do apartamento, deixando Jorge sozinho. Ele dá mais uma volta, procura por algo que pudesse servir como uma prova ou alguma dica de onde ela esteve ontem a noite. Um chale escuro que estava em cima da mesa chamou sua atenção, nele tinha algumas gotas vermelhas, aparentemente frescas. Não era sangue, mas se parecia mais como molho de pimenta. Jorge exclama

- Oh merda.

Jorge sai correndo do apartamento, já era quase de noite, seu destino era o necrotério da cidade que ficava meio longe do bairro irlandês. Jorge entra na estação do metrô e do outro lado da estação percebe a jovem loira que ele sempre vê pela manhã, descendo de um vagão, ela olha ele de longe e dá um breve comprimento com a mão, provavelmente ela mora no bairro e está voltando do trabalho. O metrô de noite tem um tom mais assustador, o silêncio dos vagões quebrado frequentemente pelo atrito dos trilhos faz uma verdadeira sinfonia infernal na cabeça de Jorge.

A estação em que ele desce chama-se Istambul, o necrotério fica praticamente na frente. Jorge entra e diz para o atendente:

- Boa noite, eu gostaria de ver os corpos que chegaram ontem a noite e hoje pela manhã  - Jorge mostra seu distintivo.
- Claro detetive, siga o corredor a direita até a primeira porta a esquerda, eles estão ali. - Responde o atendente.

O corredor escuro do necrotério dá um visual mais horripilante ao lugar, Jorge entra na sala e pergunta a um médico legista que está no local:

- Gostaria de ver o corpo de Brenna Theodor, mulher ruiva, aparentemente 25 anos, morta com um tiro na cabeça, deve ter chego hoje pela manhã.

O legista começa a suar frio e tremer os bisturis que segurava nas mãos e  responde a Jorge:

- Só um pouco detetive, vou pegar o relatório dos corpos que chegaram ontem.

O médico entra numa sala ao canto, demora cerca de vinte minutos até que Jorge decide ver o que está acontecendo. Encontra o legista, revirando os papéis, ao vê-lo saca uma arma escondida em baixo de um caderno e diz:

- Nem mais um passo.
- Ohh, pra que tanto nervosismo doutor, apenas quero ver o corpo. - Responde Jorge.
- Seu idiota, por que tem que revirar tudo como um porco revira o lixo, não pode simplesmente morrer numa sarjeta engasgado pelo próprio vômito. - diz violentamente o médico.
- Porcos não reviram o lixo doutor, o senhor quis dizer cachorros ou ratos. - Jorge ri e continua - vou te dar uma chance de sair daqui andando e possivelmente respirando, apenas me mostre o maldito corpo.

A arma na mão do doutor começa a tremer juntamente com seu braço. Jorge percebe um movimento atrás dele, coloca discretamente a mão na cintura para sacar a arma, porém, um tiro acerta o médico na garganta, que cai esparramando sangue por todo o lugar. Jorge olha pra trás e vê alguém correndo. A pessoa é aparente gorda e está utilizando uma mascara que encobre o seu rosto, rapidamente Jorge a alcança e acerta um chute nas suas pernas, o homem cai no chão apontando a arma para Jorge, que o desarma quebrando o dedo indicador do atirador.

Enquanto o homem grita, Jorge aponta arma e diz:

- Tire a mascara agora.
- Vai a merda - exclama o homem.

Jorge senti que conhece a voz, mas atira no joelho direito do homem, que grita e diz:

- Você atirou no meu joelho, seu lazarento.
- Vou atirar no outro se não tirar a maldita mascara - Responde Jorge.

O homem lentamente tira a mascara, Jorge fica em choque quando percebe quem é.

- Olá Jorge.

O atirador era o inspetor. 

domingo, 13 de outubro de 2013

O dólar de sangue - Capítulo 2


O gosto forte do Jack Daniels agora começa a entrar em sua garganta e provocar uma leve careta enquanto Jorge se debate sem saber por onde começar a investigar um caso onde ele é o principal suspeito.
O cheiro de bacon frito da taverna, misturado com rock pesado e o barulho de bolas de sinuca se chocando, deixavam Jorge irritado, decidiu pela primeira vez em 15 anos ir pra casa dormir cedo.
Seu apartamento casa ficava próxima a uma estação do metrô, o forte som do atrito entre os trens e os trilhos balançavam o antigo prédio e faziam um som infernal, por isso que Jorge raramente ficava em casa.
Levemente tira seu revolver calibre 38 da cintura e o coloca junto com suas outras armas, todas herdadas de seu padrasto, que foi um dos maiores detetives do país, desvendou cerca de duzentos casos em trinta anos de atividade e foi a inspiração para Jorge ingressar na carreira. Com seu padrasto aprendeu desde cedo a atirar e se defender e foi dele que recebeu seu distintivo de policial.
No meio da noite Jorge desperta com um grito de mulher seguindo por um tiro, olha para os lados e cai no chão rolando, já pegando sua calibre 12 que esconde embaixo de sua cama. Espera vinte segundos e percebe que não houve grito ou tiro algum, apenas a mente conturbada um policial com um leve sentimento de culpa.
Olha para o relógio, marcavam 3:47 da madrugada. Ele pega o arquivo policial e começa a investigar sobre a mulher assassinada, a data era 12 outubro 1934, ou seja noite passada, Brenna Theodor o nome dela, possivelmente irlandês, junto tinha outras fotos, cabelo levemente ruivo, altura 1 metro e 71,  era balconista de uma taverna no bairro irlandês, Jorge coloca a mão na testa e exclama:

- Ohhh não, bairro irlandês de novo não.

Havia acabado de se recuperar dos hematomas que sofreu na ultima vez em que esteve lá, foi perseguindo dois suspeitos de uma série de assaltos , os irmãos Quinn, que realizaram cerca 150 roubos em diversas cidades próximas, até que Jorge os encontrou no bairro irlandês enquanto investigava uma pequena gangue da cidade, que por incrível que pareça tinha relação com os irmãos, e Jorge nesse situação finalizou dois casos ao mesmo tempo. Por isso era odiado no bairro irlandês, sua fama repentina como detetive ganhou a cidade, porém, Jorge fazia tudo para acabar com ela, na semana seguinte esmurrou um repórter que havia insinuado que ele tinha envolvimento com gangues radicais inglesas, acabou sendo processado pelo Sindicato de Repórteres e ganhando uma suspensão de dois dias.

O dia rapidamente amanhece, Jorge começa a se preparar para ir ao bairro irlandês, dessa vez um pouco melhor, além de colocar seu habitual revolver calibre 38 na parte de trás da calça, leve um soco inglês no bolso direito e o distintivo preso a cinta.
Entra no metrô e desce e enquanto lê o habitual Jornal da cidade, percebe que a mesma mulher loira que estava sentada ontem a sua frente, está hoje de novo, ele dá um leve sorriso e volta a ler seu jornal. Desce na Estação Dublin e vai caminhando pela rua principal do bairro, que se parecem uma cópia exata das cidades irlandesas, o bairro foi construído por imigrantes irlandeses que vieram para sanar a falta de mão de obra causada pela abolição da escravatura.
Ao passar pela primeira rua, percebe que dois homens altos e gordos estão o seguindo. Jorge aumenta o passo, após passar duas quadras, dá uma longa olhada para trás e percebe que os dois homens sumiram, dá uma risada e nesse momento não percebe um soco cruzado vindo em direção de seu rosto. O soco foi tão forte que Jorge caiu rodopiando não chão, dá uma olhada pra cima e vê um dos brutamontes que o estava seguindo, e diz:

- Não te reconheci sem sua namorada.

O grandalhão diz:

- Um presente de boas vinda de Malcom McCann.

A claro, Malcom MacCan era o tio dos irmãos Quinn e controlava todo bairro irlandês, era filho de pai escravo e mãe irlandesa, ex-boxeador aposentado, chegou a ganhar o cinturão estadual dos pesos pesados, era conhecido pela brutalidade e por ser dono de uma rede de açougues e da taverna do bairro, justamente onde Jorge tinha que ir. O grandalhão que o socou devia ser James McCann, irmão mais novo e guarda costas de Malcom, tinha aproximadamente dois metros de altura e pesava em torno de 130 quilos,  também foi um boxeador, porém, nunca ganhou uma luta na carreira.
Jorge ainda não contente com o soco que levou, provocou o brutamontes:

- Sabe, se você socasse com essa força nos ringues, provavelmente não seria a cadela do Malcom.

James tira seu colete e arregaça as mangas de sua camisa verdade acompanhada do suspensórios verde claro, e vai em direção de Jorge, ainda no chão, e diz:

- Pra um homem pequeno, você tem uma boca bem grande.

Enquanto se aproximava de Jorge, a rua parava para a ver a confusão. Quando se preparou para dar outro soco, Jorge inteligentemente chutou sua perna de apoio, passando uma rasteira no grandalhão, que caiu de costas. Jorge colocou lentamente o soco inglês e acertou um cruzado na mandíbula de James, que cuspiu um pouco de sangue, dois dentes e caiu desacordado. Jorge limpou a mão e colocou o soco um inglês de volta no bolso e exclamou para um garoto que assistiu a cena de perto:

- Nada vence o clássico.

Jorge continuou caminhando até a taverna do bairro, chamada Dublin Pub, no momento em que ele entra, a musica que tocava ao fundo para e todos olham para ele, que entra lentamente no bar e pede uma cerveja Guinness. Nesse momento Jorge escuta passos pesados atrás dele e uma voz grossa dizendo:

- É muita coragem sua vir até aqui.

A voz era de Malcom McCann, que estava parado atrás dele junto com mais dois homens, que eram tão grandes quando ele. Jorge diz:

- Falam que a cerveja escura daqui é a melhor da cidade, quis conferir. - Jorge coloca o discretamente o soco inglês.

Os dois capangas de Malcom tiram de dentro do sobretudo, submetralhadoras Thompson 1928, Jorge exclama;

- Não quero confusão, apenas conversar, sente-se, eu lhe pago um Whisky.
- A claro, você prende meus sobrinhos, espanca meus capangas e meu irmão, acaba com meu negócio de tráfico de armas e não quer confusão, apenas me pagar um Whisky no meu próprio bar. - responde Malcom.
- Isso mesmo, para um cara grande, você não é tão burro.

Malcom pega uma metralhadora de seus capangas e coloca na cabeça de Jorge, e diz:

- Cuidado com o que fala vadia, você está no meu bar, no meu bairro e sentado na minha cadeira.

Jorge dá uma longa golada na sua cerveja, com a mão esquerda tira rapidamente a arma de sua cabeça, dando uma chave de braço em Malcom, jogando sua cara contra o balcão e com a esquerda saca o revolver 38 de sua cintura e aponta pros capangas. Malcom tenta sair, porém, grita de dor e exclama:

- Metralhem esse desgraçado.
- Vamos me metralhem junto com o chefe de vocês -  responde Jorge. -  Eu apenas quero conversar.

Jorge joga Malcom no chão, volta a beber sua cerveja e acende um charuto. Malcom se senta ao lado dele, e diz:

- Sobre o que quer conversar?

Jorge joga uma foto de Brenna Theodor no colo dele, e pergunta?

- Conhece?

Malcom, diz com cara que espanto e raiva.

- O que diabos você está fazendo com a foto da minha afilhada?


sábado, 5 de outubro de 2013

O dólar de sangue - Capítulo 1.

Jorge acordou com o barulho do escapamento de lambreta que passou pela rua. Ao seu lado, no criado mudo, duas garrafas de Vodka viradas. A cama de motel barato lembrava o colégio interno onde ele estudou dos cinco aos treze anos, o barulho que ela faz quando ele se movimenta é exatamente o mesmo.
Lentamente abrindo os olhos, faz um força descomunal para levantar, percebi que a dor de cabeça que está sentindo apenas indica que bebeu muito na noite passada. Levanta da cama, tira o revolver calibre 38 que está embaixo dela, percebe que está apenas com quatro balas. Dá uma analisada no quarto, e percebe que o banheiro está meio revirado, mas provavelmente fruto da sua bebedeira.
Enquanto tenta se lembrar da noite passada, o telefone toca, é o inspetor de polícia:

 - Jorge?? Onde diabos está você?
 - Eu também queria saber chefe, parece aquele motel da 5ª avenida próximo a estação da rua Lisboa. - Disse Jorge.
- Me encontra na Taverna da Rua 87 em vinte minutos, preciso de você numa investigação. - Disse o inspetor.
- Certo, daqui uma hora estou ai. - Disse Jorge desligando o telefone.

Enquanto Jorge tomava duas aspirinas com água da torneira, ele arrumava seu bigode e franzia seu topete, colocava seu habitual colete por cima da camisa social amassada e com gotas de catchup. Enquanto guardava sua carteira no bolso junto com seu distintivo, percebe que perdeu seu dólar australiano que tinha ganhado do seu padrasto, junto 200 dólares. Esconde sua arma na parte de trás do cinto e deixa o quarto bagunçado.

Quando desce as escada, decide perguntar pro balconista do bar se ele lembra de como ele chegou na noite passada. O baconista sorri, prestes a gargalhar e diz:

- O senhor chegou com as pernas tortas, cantando umas músicas e bebendo um Whisky, e logo em seguida desceu e me deu 200 dólares de gorjeta.

Jorge ri, e diz pro rapaz:

- Não se acostume.

Jorge entra no metrô, o sol escaldante juntando-se com o barulhos dos trilham formam uma sinfonia que piora a sua ressaca. Percebe atentamente um jovem loira que está sentada a sua frente, lendo o jornal. Jorge tenta ler a notícia da capa, mas percebe que chamou a atenção da jovem, e disfarça.
Desce na segunda estação e vai caminhando até a taverna. De longe vê a cara gorda e irritada do inspetor. Que olha atentamente para Jorge e diz:

- O senhor está quarenta minutos atrasados.
- E o senhor está quarenta minutos adiantado - Diz Jorge dando um sorriso irônico.

Jorge acende um cigarro enquanto o Inspetor o acompanha para dentro, pede dois cafés puros pro garçom. E logo diz nervoso limpando a nuca suada:

- A corregedoria está no rabo por conta da bagunça que você me arrumou semana passada quando espancou aqueles irlandeses no porto.
- Foi legítima defesa chefe, eles tentaram me jogar no fundo do rio -  Disse Jorge mantendo o tom irônico.
- Vou ter que colocar você pra trabalhar, porque com essas bebedeiras e confusões, logo logo o comissário vai pedir sua cabeça.

O Inspetor abre uma pasta vermelha com uma pilha de papéis amaçados e joga no colo de Jorge, dizendo:

- Dá um jeito nessa bagunça, o prefeito quer a cidade limpa desses vagabundos até a eleição

Jorge olha com seu olhar irônico característico diz de modo sarcástico enquanto fuma o seu cigarro:

- Limpar?
- Sim, foi o que falei, será que além de bêbado você tá ficando surdo? - Responde o inspetor.
- Tenho cartão verde pra limpar do meu jeito???
-Coloca tudo na conta do prefeito.

Jorge toma em gole o resto do café e sai pela porta, deixando o inspetor coçando a cabeça.
Quando entra no metrô, se lembra que tem que ir buscar sua moto na oficina. Enquanto espera o outro metrô começa a abrir o arquivo que o Inspetor lhe deu, e vai logo pra ultima foto, uma mulher loira, de aproximadamente 35 anos, morta com um buraco de tiro na testa, na descrição da imagem diz que foi um tiro a queima roupa de uma calibre 38. Bem no canto da foto, próxima da mão direita da vítima uma moeda.
Jorge corre numa loja de relógios que viu perto da estação, mostra o distintivo de detetive e pede uma lupa.
Um senhor de aproximadamente 80 anos fica assustado e joga a lupa na direção de Jorge, que pega com a mão direita e já analisa a imagem.

Percebe que a moeda é um Dólar Australiano.